20 – A ARCA E O MERCADO
Chegou a hora de conhecermos o Mercado, antes tarde do que nunca! Mas, o Mercado não somos nós mesmo? Isso é muito estranho.
“Se você está aplicando dinheiro no Mercado, seja frio, estável, assegure-se de nunca se importar para onde ele vai… Nunca fique angustiado, rezando pra ele subir ou cair. Se você fizer isso, será bem sucedido”, diz o mestre do assunto, Bill Williams. Para onde o cachorro for, o rabo vai. Seja o rabo do cachorro assumido. Para onde o Mercado for você vai. E assim terá sucesso.
Nesse reino, que tem o dinheiro como seu único deus, é assim que se pensa e se age, se você quiser ser um súdito fiel e bem sucedido seguidor. E nós, os cidadãos de boa vontade, que somos apóstolos de outro Mestre, que queremos na vida muito mais que “só dinheiro”, se tivermos o dom da Sabedoria, teremos que ouvir os especialistas de plantão, sob o risco de, não o fazendo, sermos triturados pelo “imbatível” gigante Golias do Capitalismo visceral.
Todavia o Mercado não precisa ser obrigatoriamente como uma pedra que rola morro abaixo, que vai trombando no que aparecer pela frente, regido pelo mais absoluto acaso.
“Nós” é que somos o “Mercado”, (e esta é a grande Tese!) e nós somos seres lúcidos e conscientes, e somos os seres a quem Deus deu o Sua própria característica, o dom da REFLEXÃO consciente, então, façamos jus a essa virtude divina inata, de forma que não nos sujeitemos a rolar soltos pelas encostas da vida.

Quem entra na Arca? A entrada é franca, e entra a “soma” (do grego=corpo) de todos os cidadãos que formam um “corpo social consciente”, os que quiserem constituir uma nova realidade de MERCADO de Valores e de Preços. Mercado é o nome daquele lugar onde as pessoas interagem, primeiro entre si e depois com o mundo, trazendo para a “praça do escambo” os seus bens e as suas necessidades.
O Mercado é na verdade um gigante muito estranho, de força descomunal, que tem músculos, mas … que ainda não tem cérebro lúcido, o que resulta atualmente numa “pessoa” submissa e dominada. Um gigante fruto de uma família machista onde o pai é o Poder Político e a mãe é a Necessidade Social. Na verdade, são dois gigantes, um casal cujos nomes são Benício e Letícia. Como nunca foram educados para a maturidade, de que lhes serve tamanha força se não sabem sequer se defender das maldades dos que hoje o subjulgam?
Ao contrário dos gigantes benevolentes, existe também na floresta urbana um pequeno casal maligno, ganancioso e maldoso, de nomes Maldonado e Malícia. Ao contrário dos gigantes que são fortes, mas impotentes, este pequeno casal é fraco, mas poderoso. Sim, eu sei que isso é bem paradoxal, concordo, e mais que isso é um escândalo ao qual nos acostumamos a conviver. Quando os gigantes do Mercado são atacados, agredidos, explorados e delapidados, por desconhecerem a força que têm, não sabem como reagir conscientemente.
Por esse motivo eu tenho um grego assoprando nos meus ouvidos: “demo kratos” ou seja, “povo forte”! Forte como um gigante. Mas que age como um cavalo preso às rédeas, sem autocontrole, sem consciência de si mesmo! Isso é a Democracia, sempre que ela não for antes de tudo uma Unocracia, um regime político mais avançado, cuja força maior é a UNIDADE de consciência do povo, que está muito acima da QUANTIDADE de povo, da maioria, que é o valor absoluto da Democracia. De que nos serve a força muscular de uma maioria “burra”, cega e alienada?
Eis o absurdo dos absurdos: numa Democracia sem o respaldo da Unocracia, a Gestão da coisa pública fica nas mãos da quantidade maior de ludibriados e manipulados alienados, em vez de estar sob o domínio da Sabedoria e da unidade dos cidadãos conscientes e participantes ativos.
Respeitar a maioria é inteligência. Mas o desafio maior da ARCA é respeitar a consciência. A Arca deve dar cérebro e coração aos gigantes tontos.
Assim, me parece que nossa situação a bordo da Arca não é nada confortável no momento, tendo como Timoneiro esse gigante não muito lúcido! Músculos são ótimos para ações e reações, mas péssimos para reflexões e decisões.
Qual o Ideal dessa nossa viagem coletiva na Arca? Na busca da realização desse Ideal, o desafio será o de dar um rumo à Nave Coletiva. Noé tinha uma metáfora a realizar, e não sabia. Nós temos a realidade: Sustentabilidade da Humanidade
A consequência trágica deste fato é que o enorme poder do casal de gigantes fique transferido para alguns segmentos privilegiados, de elites gananciosas, que se aproveitam disso e atuam, legislam, julgam e policiam sempre a favor de causas próprias (ou impróprias?).
A ARCA tem dois significados: de Tesouro e de Salvação, onde o Tesouro maior é a própria Salvação do Mercado. O grande Mercado é formado majoritariamente por miseráveis, pobres e remediados, pessoas sem cultura na maioria, sem educação e desorganizados, mas sobretudo dispersos como rebanho sem Pastor. As ovelhas não têm como refletir e tomar consciência do seu estado animal, mas nós temos a possibilidade e o DEVER de fazê-lo, pela nossa condição de Seres Humanos reflexivos!
A ARCA tem como IDEAL a “soma”, por meio da Unidade entre os cidadãos, ou seja, a Unidade no Mercado, entendida como coisa objetiva, concreta, prática, mas também como Filosofia de vida e, sobretudo como Espiritualidade de ponta.
Na prática significa que a ARCA será um dia uma Empresa de propriedade de todos os cidadãos que quiserem vir a bordo! Uma gigantesca Empresa, do porte que o Mercado merece, com enorme poderio financeiro, um verdadeiro gigante econômico.
Com sólida base na Ciência Cibernética, e sobretudo na Teologia, da Unidade nasce a presença de Deus no meio do povo, que se torna assim Onipotente.
E se tivermos a permissão de Deus, assim será. Ou melhor, é justamente isso que Ele quer. Se o Projeto é de Deus, quem melhor que Ele para conduzir o destinos das pessoas e dos povos?
Marco Iasi