Dentre as inúmeras Ciências Humanas que se desenvolveram neste último século, a Ciência da Gestão de Empresas ocupa uma posição de importância especial, principalmente se considerarmos as seríssimas consequências, boas e más, pessoais e sociais, diretamente decorrentes das suas Teorias e Práticas aplicadas nas corporações, privadas e públicas.
As teorias e práticas de Gestão são responsáveis por grandes feitos, sem dúvida, mas em contrapartida, são causadoras de grandes catástrofes sociais também. Como sempre, o que conta é a ação, não a intensão.
De um lado grandes feitos, que jamais teriam sido realizados sem uma Gestão de excelente qualidade. E de outro, grandes desastres sociais, causados tanto pela má Gestão, como por efeitos colaterais dela decorrente.
No mundo empresarial o sucesso significa basicamente geração de lucros. Mas o resultado monetário por si só se torna algo muito vazio de sentido, quando desconectado do drama humano para o qual a Ciência da Gestão encontra sua plena razão de ser. O “lucro” é o alicerce da atividade empresarial, ele é o eixo em torno do qual orbita todo o sistema econômico empreendedor.
No entanto, o pensamento simplista de que a geração de lucros é o que basta para justificar a existência de uma Empresa, é um pensamento típico de uma cultura cujo prazo de validade já está vencido. Uma Empresa não é um corpo estranho dentro do Sistema Social, não conectado ao Mercado. Em tudo ela faz parte do Sistema, com interferências de dupla mão. Ela é parte integrante do resultado social vigente.
Se essa Ciência ficar a serviço de um materialismo imediatista, estará à deriva da sua rota original, e perderá seu significado real para a comunidade, ficando sem nenhuma sensibilidade para com os complexos desafios vitais que a Sociedade enfrenta. Permanece distante daquela realidade que de fato importa para Humanidade, sem se dar conta que a “Lei do mais forte, do salve-se quem puder, se puder” já foi há muito tempo sumariamente revogada. Caso contrário, o empreendedorismo é uma atividade humana, em tudo menos no humanismo.
Mas, felizmente, “o melhor sempre acaba por acontecer, porque o futuro é melhor do que qualquer passado”, no pensamento do Antropólogo Theillard de Chardin.
Sempre mais, mesmo que lentamente, num paciente processo de feed back (Retroação), o ser humano está encontrando o seu verdadeiro lugar, até finalmente se tornar o centro da questão da Gestão.
No atual alvorecer de um humanismo mais consistente, culminando com o humanismo cristão, o que vale é a Lei do Amor, pois que o amor é a excelência do relacionamento social. No projeto humano, o amor se reduz a sexo, ao passo que no Projeto de Deus, o Amor é central, na busca da Perfeita Socialidade.
Um ser humano sem amor, na quantidade e na qualidade certas, é como uma planta sem água e sem luz, seu desenvolvimento jamais será pleno.
Mas, é isso que vemos no pensamento acadêmico? Creio que não. Permanece o mesmo de sempre, a lei das selvas invadiu as cidades, infelizmente parece que veio pra ficar e se tornar matéria de ensino escolar, fazer parte da cultura das Academias. Esse é o espírito teorizado e praticado, e é lecionado para que perdure, para ser protagonista da historia da humanidade, muito embora esse modo de pensar e viver esteja ultrapassado diante das novas exigências de sustentabilidade. O amor que brota do Ser Humano é de origem egoísta, mas somente o Amor que vem Daquele que o Creou, traz fundamento ao relacionamento humano.
Descobre-se sempre mais que, inversamente do que se pensa, “o resgate do fraco, nos fortalece”, motivo pelo qual estamos todos ficando fragilizados diante das graves pendências socioeconômicas. Esse é o paradoxo de uma sociedade sustentável. Ganhar sempre é importante, e isso é economia, mas lembrando que “perder” também tem sua importância econômica, quando se torna um “perder para ganhar”, num universo social onde todos dependem de todos, e o nome do jogo é “ganha-ganha”. O Mercado (nós) está aí para ser servido, não explorado!
Assunto de altíssima controvérsia, que envolve inclusive a pessoa de Deus, como está escrito “o que é sabedoria para Deus, é loucura para os homens”, e vice versa. Questão delicadíssima, e que não se pode fugir dela e lhe virar as costas. Sua abordagem é obrigatória, se quisermos levar a sério a Economia!
O que adiantou ao primeiro mundo ter liderado a História Universal como excelente exploradora dos outros mundos? Sugando suas riquezas, sem contrapartida, e fechando os olhos para os povos subdesenvolvidos, que agora afloram dos mares todos os dias em busca de refúgio e acolhimento dos povos socialmente “evoluídos”? Chegou a hora do explorador prestar contas ao explorado que chegou a sua porta.
E falar de Justiça, de Economia, de Socialidade, sem falar de amor, é querer voar sem asas. O Ser humano, confiante em seus empreendimento, autossuficiente, com frequência julga que não precisa mais de Deus.
Mas, cuidado! Amar é a Arte das Artes. No entanto, nem faz muito tempo, não era coisa de bom tom pronunciar a palavra amor em público. Acredita? O pudor da ignorância fazia do sexo uma coisa feia, uma fraqueza humana, e a partir do momento que o amor era revestido da conotação sensual, o amor se tornava uma coisa pudica. Fazer amor era o mesmo que fazer sexo.
E, no entanto o ato sexual é fonte de vida nova, e por isso é puro amor à vida. Todavia, historicamente prevaleceu sobre o amor a conotação de erotismo baixo.
Talvez por isso não se fale de amor nas Escolas de Gestão (imagine só uma coisa dessas!!!) Não evoluíram o suficiente para entender a importância da “vida” das Empresas e nas Empresas, permanecendo encalhada no frígido estágio monetarista.
Como em qualquer família evoluída – e a Humanidade é uma grande família – não se esquece um membro num quarto escuro passando fome, sendo que na sala de jantar ao lado, outros se banqueteiam e celebram o sucesso afortunados dos privilegiados.
O que de fato está sendo contestado aqui é a pressa e a imediatez com que as Academias adotam o EGOISMO como única ferramenta hábil para fazer girar os mecanismos da Administração e da Economia. O egoísmo não é oficializado de forma explícita, óbvio, porque seria até uma coisa de mal gosto. Mas o egoísmo é a base lógica e natural da ação humana. É “natural” que cada um busque satisfazer seus próprios interesses. Por isso a lógica do egoísmo é adotada como um pressuposto único. Ao passo que o amor sendo “sobrenatural” porque é de origem divina, é sumariamente descartado para o trado das coisas mundanas. É um absurdo querer ganhar menos, e por isso é um ato descartado do agir econômico, que satisfaz plenamente a lógica humana, mas não a divina: “Dai e vos será dado, pois é dando que se recebe” (lc 6:38)
Os Senhores do Poder, os privilegiados do Sistema, não têm motivo algum para mudar as coisas do jeito que estão, porque está muito bom assim… ainda que a culpa da miséria esteja sob responsabilidade deles.
Ora! Não é natural também que uma fêmea proteja e alimente seu filhote? Que os pais cuidem de seus filhos? Afinal, a Natureza não está impregnada do amor? Não foi o Amor que a Creou?
Então, colocar o egoísmo da busca dos interesses próprios como único alicerce do edifício dos sistemas econômicos é um gesto falso, um ato falho, não científico. E o que acontece com toda teoria apoiada sobre algo falso? Cedo ou tarde desmorona! Seja ela Socialismo, Comunismo ou Capitalismo.
“Tinham tudo em comum, e não havia necessitados entre eles” (Atos 4:34), eis a Economia divina, pois a economia do Demônio é a falsa economia, a do acúmulo e da ganância! “O supérfluo não nos pertence” (João XXIII), portanto o excedente dos ricos foi roubado dos pobres. Acadêmicos de Economia, acordem!
Marco Iasi