J’accuse (em português Eu acuso) é o título do artigo redigido por Émile Zola quando do caso Dreyfus, e publicado no jornal L’Aurore de 13 de Janeiro de 1898, sob a forma de uma carta ao presidente da República Francesa…
Eu acuso nosso Presidente da República, que certamente por estar distraído com problemas pessoais seríssimos, não percebe mais, e não se importa nada com isso, que no Brasil, há longa data, não existe Democracia nenhuma. Se é que alguma vez existiu.
Estamos imersos numa farsa demoníaca, que o povo impotente vai deixando a vida lhe levar, como aconselha nosso sambista malandro. No entanto, esse arremedo pseudodemocrático nada tem a ver com o conceito original grego de “força do povo” (demo kratos).
O povo está enfraquecido como um touro enorme, que uma criança conduz pela argola grudada em seu nariz. Que um animal não saiba a força que tem, ainda posso entender, mas seres humanos manuseados por urnas, isso não posso aceitar.

No seu berço, na Ágora, o povo praticava política ao vivo, olho no olho, em plena praça pública. Ela nasceu Participativa e Representativa. Mas, as cidades foram inchando sempre mais, de tal forma que não houve outro jeito de se praticar política a não ser confiando nos representantes eleitos, reduzindo a participação do povo no processo político a uma mera encenação periódica oficial, institucionalizada pelos plebiscitos.
Isso se chama, nos corredores das Delegacias, de “entregar o ouro para o bandido”. E, como se sabe, não é boa prática porque o bandido vai administrar os teus bens, para si mesmo.
A Democracia já nasceu imperfeita, segundo Aristóteles, mas era o que de melhor se podia fazer no momento, mas, assim que possível quando surgisse algo melhor deveria ser adotada. Afinal, o que são 3.000 anos de espera?
Não é verdade que não existe algo mais avançado do que a Democracia. Existe, mas ainda não foi levado a sério. Quanta desgraça será ainda necessária ocorrer nos povos para que acordem?
Na verdade, não pode haver Democracia sem Unocracia, isto é, um sistema social mais avançado, onde se descobre que a força da “unidade” entre todos é algo superior à quantidade. É muito comum que os países mais organizados desenvolvam sistemas democráticos, onde uns funcionam melhor, outros nem tanto, mas enquanto o sistema não atingir a cultura do povo, não haverá um “espírito de corpo”, onde “todos são uma só coisa” ou melhor dizendo uma nova “pessoa social”. E qual é a chave segredo da Unocracia? É uma coisa muito simples: a Reciprocidade. O respeito à reciprocidade deveria ser a lei numero 1 de qualquer país! Mas infelizmente, os obcecados por reciprocidade, são somente os Bancos!
É fácil organizar um povo em fila, seja num guichê, seja diante de uma urna, como se faz com o gado no curral. Mas para se ter um relacionamento social de reciprocidade, é necessário atingir o povo na sua Cultura.
Por definição, o que configura a Ética é: “os usos e os costumes de um povo”. Portanto, o objeto material da Ética é o ato humano. E o objeto formal da Ética é a moralidade desse ato, ou seja, até que ponto esse ato leva em conta a reciprocidade entre concidadãos “irmãos”?
Se um foguete sideral queimar etapas do seu plano de voo, ele certamente não chegará ao seu destino. E nos sistemas sociais, a cultura da reciprocidade é a etapa que sempre foi queimada. Sem o timbre dessa cultura, jamais haverá uma ordem social.

Eu acuso sim, nosso povo está semeando pedras e fica esperando colher frutos.
Parabéns Aristóteles pela brilhante intuição! Mas infelizmente a importância da Unocracia passou despercebida na Ágora.
A Humanidade tem uma nova chance agora de acertar seus ponteiros, graças ao alto grau da Tecnologia de comunicação dos nossos tempos, e assim então é possível reeditar em maior escala a reciprocidade que havia na pequena aldeia grega, tecnologia esta que eu daria o nome de Ágora-net.
Estamos vivendo todos os momentos da nossa vida, unidos na grande praça pública virtual. Já podemos melhorar nossas vidas pessoais e nossas sociedades, se quisermos. Agora já não temos mais desculpas para o fracasso da nossa atividade Política.
Marco Iasi