21 – O GÊNESIS
O “Genesis”, lá pelos 520 a.C., escrito provavelmente a várias mãos, inclusive de Moisés, diz mui simplesmente e ingenuamente o seguinte:
“No princípio, Deus criou os céus e a terra.” Simples assim! E depois… “Faça-se um firmamento“. E continuou assim o Seu trabalho: “Façam-se luzeiros no firmamento dos céus para separar o dia da noite”. E a obra continua a crescer: “Deus fez os dois grandes luzeiros: o maior para presidir ao dia, e o menor para presidir a noite; e fez também as estrelas“.
OK, muito bem, já basta, não pretendo fazer uma aula de Teologia da Criação, mas apenas uma introdução altamente qualificada para um tema da maior importância: a nossa ignorância!
Aqueles pastores de ovelhas de 2.500 anos atrás estavam falando do Big Bang que ocorreu há cerca de 14 Bilhões de anos… uma explosão que jogou para o espaço afora toda a Matéria que existe no Universo. Um Universo em expansão contínua, e com velocidades cada vez maiores. E o que conseguirmos ver dele? Atualmente se pode ver até uma certa distância. Para se ter uma noção do quão longe seja isso, calculemos: na velocidade da luz (300.000 Km/s) se vai e se volta do Brasil a Portugal cerca de 20 vezes em apenas 1 segundo. É velocidade mesmo! Nessa velocidade se vai à Lua, 400.000 km, em apenas 1,3 segundos. Imagine agora que a borda do Big Bang esteja viajando nessa velocidade durante 45 bilhões de anos! É muito longe!

Enfim, as bordas do Cosmos estão no infinito. E o ponto onde quero chegar nesta abordagem é que todo esse Universo infinito está contido dentro de Deus. Não é por menos que os cientistas, tradicionalmente materialistas, estão progressivamente se transformando em homens espiritualizados.
E quando a Ciência viaja no sentido inverso da expansão cósmica, ou seja, mergulha no seio da Matéria, descobre que ali não existe nada, a não ser o vácuo. Ou seja, podemos concluir, portanto, que todo esse espaço sideral, repleto de Matéria, com mais de 2 trilhões de Galáxias, é na verdade toda feita de … vácuo!
Nesse Vácuo Cósmico, no sentido do macro extremo, e nesse Vácuo Quântico no outro sentido, do micro extremo, tudo o que existe afinal é a Energia que estava escondida ali no Big Bang, a qual subitamente invadiu o Espaço e se espalhou pelos céus.
É inteligível então dizer que Deus é Onipresente, Ele é a Energia de Amor que existe e vibra em altíssima frequência no Vácuo.
É curioso saber que hoje muitos cientistas se tornaram verdadeiros apóstolos de Cristo. Se você duvida do que digo, entre no Google e você vai confirmar o que estou falando. E porque eles estão se convertendo? Simplesmente porque não se consegue imaginar que nós sejamos NADA.
Eu tenho um nome, uma história, um endereço, estou vivo e pensante! Isso é pouco? Não tem como se dizer que eu seja um nada!
Que Deus é esse que contém em Si todo o Universo?
Mas, como poderemos criticar os ateus? Eles estão sendo sensatos! Eles têm razão de não crer, porque Deus é mesmo um Ser INCRÍVEL! Sejamos humildes e aceitemos a nossa ignorância.
“No princípio era o Verbo, … e o Verbo era Deus… Nele havia a vida” (Jo, 1-1)
Se não considerarmos a Teologia como Ciência, a explicação de Deus e do Cosmos fica mais para o lado da Teologia do que da Ciência: “Deus é Amor“. O que significa que toda a Energia Original que produziu o Universo Material era uma a Energia de Deus, o Amor.
Se o Amor está no DNA do Universo, isso significa que a Matéria tem absoluta inclinação para o relacionamento de reciprocidade, que é a característica por excelência do amor.
Assim como não se tem acesso aos confins do Universo, da mesma forma também não se consegue enxergar o nascimento das Partículas Materiais. Imagina-se no mundo científico que a relação de reciprocidade entre, as assim chamadas “Cordas” de energia vibratória deem origem a essas primeiras partículas de Matéria, formando os Quarks e os Léptons. Assim, a partir dos Quarks e Léptons, a realidade material começa a ser “visível e palpável” nos grandes laboratórios.
A este fenômeno a Ciência chamada Cibernética deu o nome de Emergência, que é o resultado da ação do Princípio da Unidade e Transcendência. Essa Lei diz que: “das PARTES que se relacionam na reciprocidade “emerge” um TODO, que é superior às PARTES que o formaram“. E é assim que a realidade material, seguindo sua índole relacional, vai emergindo, dando saltos de emergência, em cada novo TODO que surge.
Depois este, por meio de um novo relacionamento recíproco, vai se transformar novamente em PARTES para a emergência de outro novo TODO.
É do relacionamento recíproco dessas partículas primatas, Quarks e Léptons, que se formam depois os Prótons, os Nêutrons e os Elétrons. Estes entram em relações diversas de reciprocidade dando origem a dezenas de Átomos diferentes. O relacionamento destes Átomos vai fazer emergir zilhões de tipos de Moléculas. Veja que o Hidrogênio e o Oxigênio, que são gases explosivos e combustíveis, no entanto dão origem à água, que é líquida e não pega fogo.
Como disse S. João, “Nele havia a vida“, o Amor Onipresente, continua a se manifestar na Matéria, e as Moléculas, fieis a sua índole relacional, fazem emergir os Coacervados, que são aglomerados de Moléculas proteicas envolvidas por água em sua forma mais simples. Acredita-se que essas tenham sido as primeiras formas de vida a surgir na Terra.
Como se sabe, a Evolução dos relacionamentos recíprocos não parou mais de fazer emergir novas realidades materiais: as células vivas, os organismos unicelulares, depois pluricelulares, os seres vivos, dentre eles o Seres Humanos.
Neste ponto da História da Creação, a única forma da Evolução ir em frente, seguir seu destino e concluir o Projeto Original, seria através do Homo, do seu relacionamento recíproco, como sempre foi desde o começo dos tempos. Mas para que isso acontecesse algo muito fantástico haveria de ocorrer antes!
Deus soprou Seu Espírito sobre a Matéria, e ela se tornou Célula viva; Ele soprou sobre o Homo e ele se tornou consciente! O ser vivo se tornou reflexivo e consciente da sua própria existência. Sendo senhor de si e de seus atos, conhecedor do Bem e do Mal, poderia, na sua liberdade, continuar a ser fiel ao seu desígnio de amor, e optar pelo relacionamento de reciprocidade no amor com seu irmão.
Em Mateus 18,20 Jesus diz: “onde dois ou mais estiverem reunidos no meu nome, ali estrei Eu no meio deles“. E de São Paulo ouvimos o seguinte conselho sábio: “antes de tudo a mútua e contínua caridade.“
Esse é o magnífico motivo pelo qual o Mestre nos deu aquele que chamou de Seu Mandamento: “amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei… nisto se resume toda a lei e os Profetas“. (Jo 15:12)
Alfa e Ômega, Princípio e Fim, tudo vem do Amor e tudo se realiza plenamente no Amor, porque se temos Deus entre nós, somos também nós “Deuses” por participação.
Ali onde as Ciências encontram seus limites e esvanecem, a Revelação prossegue e ilumina nossa inteligência.
“No princípio era o Verbo e o Verbo se fez carne e habitou ENTRE NÓS“. (Jo, 1-14)
Marco Iasi