UNOCRACIA – A POLÍTICA DA RECIPROCIDADE
Existe um fio de ouro conduzindo a História da Humanidade. Como faremos para detectá-lo, e depois segui-lo?
“No princípio existia o Verbo;
o Verbo estava em Deus;
e o Verbo era Deus.
…
Nele é que estava a Vida
de tudo o que veio a existir.
E a Vida era a Luz …” (Jo. 1:1)
João, um rude pescador, convenhamos, que condições teria ele de fazer uma abordagem a respeito da origem do Universo? E afinal, quem terá? Como ninguém sabe quase nada a respeito de como as coisas eram antes do início dos tempos, dos espaços e das matérias, ele também teve o direito de arriscar sua opinião, inspirada, todavia. E conseguiu em poucas palavras dizer tudo que pensava: Deus é Amor, Verbo, Vida, Luz.

Só não falou de Energia. Lógico! Nem poderia. Somente muito mais tarde, Einstein descobriu algo fantástico, que equacionou a ambivalência entre Energia e Matéria-Espaço-Tempo, expressa na sua famosa fórmula E = mc².
Se o palpite de João, o pescador, estiver correto, então poderemos concluir que a Energia original do Universo, o Verbo, a Vida, a Luz, eram o Amor, um tipo de energia pouco convencional, não científico, exceto pelo fato dessa Energia-Amor ter se transformado neste mundo material em que vivemos, onde as Ciências agora deitam e rolam.
Eis, portanto algo a ser pensado seriamente, que toda a Natureza – inclusive e principalmente nosso corpo material – foi formada a partir dessa Energia Original Creadora, o Amor.
Amor é relação. E se quisermos constatar a autenticidade da nossa origem amorosa, teremos que lançar mãos da Ciência, em particular, a Cibernética, para entender da formação de toda a Matéria do Universo. A Matéria é fruto de um fenômeno específico, de relacionamento de RECIPROCIDADE entre as Partes e decorrente Transcendência em um Todo. Átomos (Partes, H, O, gases) se relacionam e formam Moléculas (Todo, H2O, líquido). Todo o Universo Material é formado de Quarks e Léptons, que podem ser considerados como sendo Partículas de Energia de Relacionamento, ou “Partículas” de amor.
“O universo foi formado pela palavra de Deus, de modo que aquilo que se vê, não foi feito do que é visível”. (Hebreus 11:3 – anos 70 d.C., há quase 2.000 anos)
De fato, o mundo visível é formado do que é invisível. Vasculhe os Átomos, o Mundo Material todo, e o que se encontra é somente o Vácuo (o vazio, no qual a Energia do Amor se move e se manifesta como Matéria).
Quando a Energia Pura, digamos assim, no Big Bang entra em processo de metamorfose, e se materializa no espaço e no tempo, essa Energia se transfigura em Partículas subatômicas, as quais subsistem de forma sustentável porque estão em relacionamento de reciprocidade entre si. Quarks, para citar apenas um exemplo, surgem aos pares. São eles que vão formar os Prótons e Nêutrons, e Léptons formam os Elétrons, e estes prosseguindo com o fenômeno da reciprocidade geram um novo ser, o Átomo. E depois as Moléculas etc. e isso vai longe! Fisicamente nós os seres humanos somos o ápice dessa cadeia evolutiva. Até o momento, porque ela prossegue mais longe ainda.
Para isso existe uma nova Ciência, a Cibernética, que estuda os fenômenos das relações de reciprocidade que existem no mundo material, e, portanto, de “amor” entre as Partes que compõem um Todo. No entanto essa Ciência é baseada em Leis que se projetam para o campo da Teologia, por intermédio do “Carisma da Unidade”.
Para ser bem franco, sincero e verdadeiro, o Todo que se “vê” não é de fato um Todo, mas apenas são Partes em relação de reciprocidade que tomam a aparência visível de um Todo. Um Átomo não é um “tijolo” como pensavam os Filósofos Gregos! Um átomo é o que se “vê” da relação recíproca entre Prótons, Elétrons e Nêutrons. Não se trata de uma mistura qualquer de partículas, uma confusão caótica, mas como tudo no amor, trata-se também aqui de uma relação de reciprocidade muito bem ordenada, com cada Partícula no seu devido posto, exercendo suas funções bem definidas. Porque “nada é mais organizado do que aquilo que o amor ordena. ”[1]
Um átomo é um Todo constituído de um relacionamento ordenado e organizado das Partes. O que nos leva a concluir que sem relacionamentos de reciprocidade nem sequer existiria a Matéria, assim como a vemos hoje.

Enorme acelerador de partículas. Veja o Cientista em baixo numa escrivaninha.
Depois de constatar tudo isto, o que você acha agora da importância do amor recíproco?
Eis pois porque toda a Natureza, que nasceu da Energia Pura do Amor, segue a tendência perene da Reciprocidade, de relacionamentos crescentes que não param nunca de se complexificar: as “Partes” geram “Todos” cada vez mais complexos, que se tornam outra vez novas “Partes” em relação, para formarem um novo “Todo” maior, diferente e superior ao que existia antes da relação das “Partes”.
A escalada da Vida é a História da Evolução material do amor, num processo contínuo de reciprocidade que gera Unidade entre as Partes, criando o que chamamos de Transcendência, quando as Partes relacionadas dão vida a um novo Todo
Esse Todo é um novo Ser, o qual não existia antes da reciprocidade entre as Partes. Isto é Cibernética, a Ciência da Teleologia, isto é, que estuda a finalidade de um processo que evolui guiado por um dever ser, por uma causa final, colocada no futuro ao qual chegará o processo.
Na caminhada evolutiva, os relacionamentos vão se processando em níveis cada vez mais complexos: eletromagnéticos no início, depois físico-químicos, depois biológicos, depois orgânicos, e finalmente sociais. E aqui é o ponto ao qual queríamos chegar.
Para onde caminha a Humanidade? Eu ousaria dizer que caminha para o ápice da Evolução, que é surpreendente! Cada Ser Humano pode fazer parte desse corpo social chamado Humanidade.
Se a Energia Original, o Amor, utilizando-se do veículo da Reciprocidade desencadeia um processo de complexificação crescente das realidades materiais, com certeza existe no final da estrada da Evolução um Ideal maior a ser realizado, um “Paraíso” a ser atingido, que vai além da Matéria, do Espaço e do Tempo! Nossa História Universal é um final que retorna ao início de onde partiu.
É uma causa final, mas que existe desde o início, o Projeto de Deus, qual seja, de replicar aqui na Terra a Socialidade dos Céus.
Amor, relação, reciprocidade, unidade, transcendência, complexificação, tudo isto existindo sem ter nenhum sentido maior? Impossível, seria um desrespeito teleológico, um descomunal desperdício.
Energia, Partículas, Átomos, Moléculas, Células, Organismos, Seres Vivos, Animais, Homens e Mulheres, Sociedade Humana, todos eles com um excepcional elemento crítico em comum: a necessidade da Perfeita Socialidade, da formação de sociedades ordenadas, da formação de um Todo mais complexo e mais perfeito, com sua vida organizada no amor e no comprometimento da reciprocidade.
Não foi por menos que o Mestre dos Mestres em Cibernética nos revelou o Seu Mandamento: “Amai-vos uns aos outros assim como eu vos amei”. (Jo 15:12) E depois conclui com o Carisma da Unidade: “Onde dois ou mais estiverem reunidos no meu nome, ali estarei eu no meio deles”, o ápice da Lei Cibernética. (Mt 18:20)
A grande questão que se coloca de forma assustadora diante de nós é a seguinte: A Natureza ama sempre, porque está na sua essência o relacionamento de Perfeição na Reciprocidade. Eu diria que a Natureza ama sempre, porque não é livre para não amar. A Natureza não obedece a um livre arbítrio, mas ás leis naturais.
Não nos esqueçamos de que o Ser Humano, por ter essa liberdade de amar ou não amar, é um ponto fora da curva da Natureza, e da Evolução, e com isso se torna um Ser Sobrenatural.
Portanto, seria o Ser Humano, que é livre para decidir amar ou não, suficientemente inteligente para continuar fiel às suas origens a ponto de gerar uma sociedade lastreada no relacionamento de reciprocidade? Em pleno acordo com a Natureza que o gerou? Prevalecerá a coerência?
Na verdade, o risco de isso não ocorrer é muito frequente, e se a Humanidade não seguir o Protocolo, o procedimento padrão da Natureza, e se utilizar de prerrogativas humanas e mundanas, poderá colocar tudo a perder, para si e para o Universo! O Homo pode inventar e criar, mas somente Deus pode Crear.
Dizem as Escrituras Bíblicas que isso já aconteceu uma vez! Pelo sim ou pelo não, se o Dilúvio foi uma lenda, uma ficção bíblica, ou se foi de fato História, o fato que nos importa no momento é a metáfora que ela contém. Existe um arsenal de bombas atômicas no mundo capaz de nos destruir, centenas de vezes mais devastador que o Dilúvio! (Estupidez total, pois bastaria só uma vez…kkk).
Mesmo porque destruir é muito fácil. Difícil é construir, educar, organizar, administrar, gerenciar e sustentar, enfim, amar, ser fiel à Natureza que nos gerou e permanecer na tradição inteligente da reciprocidade. Lembrando sempre que “o que é impossível para os homens é possível para Deus. “ (Lc. 18:27)
Estamos diante do último dos desafios na História da Humanidade, diante do derradeiro salto da Evolução, da transcendência do Homo individuo para a Pessoa Social, um “corpo social” cuja alma é “Jesus em nosso meio”. O desafio da Socialidade Perfeita, fundamentada na vivência do elemento catalizador de sempre, a Reciprocidade organizada.
O sistema político capaz de realizar uma façanha de tal envergadura, que deverá ser desenvolvido por todos e cada um, e que está em plena consonância com as forças da Natureza que nos gerou, se chama Unocracia, sem a qual a Democracia se reduz a uma demagogia. E isso agora já se tornou possível graças ao fenômeno da Ágora-net, a Internet, a Praça Pública eletrônica.
Marco Iasi
[1] – Chiara Lubich