“Partido”, como costuma acontecer na nossa língua, é uma palavra que tem dois significados. O primeiro é: rachado, quebrado, dividido. Que é o primeiro motivo pelo qual não gosto de nenhum Partido Político. Não se trata de mera implicância fruto de algum psiquismo de intolerância. É uma questão mais conceitual, mais até, é uma questão de princípios. Portando se trata de uma aversão que brota naturalmente do meu intelecto, racional e emocional, e não do meu ego.

Então, quem haveria de querer se doar por uma causa parcialista, como é a bandeira de um Partido? É cabível alguém torcer por um time de futebol, mas em política se busca o bem de toda a sociedade, e não apenas uma parte de um todo bem maior? Levantar a bandeira de um Partido é um ato político sem dúvida, mas é inevitavelmente reducionista, se as pessoas coligadas ao Partido perderem a visão mais ampla do bem comum, a menos que o Partido tenha em mãos a bandeira do bem comum.

Tudo bem que exista nessas bandeiras partidárias a nobre defesa de Classes, de Minorias, e de tantas Ideologias, mas nada justifica a ocorrência de qualquer luta, a não ser a de buscar por melhorias socais. Faz-se necessário preservar em primeiro lugar a harmonia social. As disputas devem permanecer no campo das ideias, e nunca em campos de batalha. O ato político deve fazer crescer a harmonia na consciência coletiva, pois que por definição, a harmonia é a medida pela qual se vê se as Partes de um sistema estão sintonizadas, entre si e com o todo.

Por falar em ideologias, façamos uma excursão de rotina pelo Google, para descobrir mais detalhes sobre esse tema:

“No senso comum a ideologia é tida como a busca de algo ideal, que contém um conjunto de ideiaspensamentosdoutrinas ou visões de mundo de um indivíduo ou de determinado grupo, orientado para suas ações sociais e políticas.

O termo ideologia foi usado de forma marcante pelo filósofo Antoine Destutt, o Conde de Tracy, que de início obteve aplausos do Imperador Napoleão, até que este mais tarde o perseguiu, pois percebeu quanto uma ideologia poderia minar o seu poder absoluto. O conceito de ideologia foi muito trabalhado pelo filósofo alemão Karl Marx, que detectou a ideologia como fenômeno emergente dos sistemas teóricos (políticos, morais e sociais) criados pela classe social dominante.

Diversos autores utilizam o termo sob uma concepção crítica, considerando que ideologia pode ser um instrumento de dominação que age por meio de convencimento; persuasão, e não da força física, moldando e alienando coletivamente a consciência humana. De acordo com Marx, a ideologia da classe dominante tinha como objetivo (não confesso) de assegurar para os mais ricos o controle da sociedade.

É importante saber que, além dessa, outras ideologias se destacaram historicamente, (todas elas sempre tendo uma conotação de busca do poder, diria eu):

  • Ideologia democrática, que surgiu em Atenas, na Grécia Antiga, e têm como ideal o poder do povo com a introdução da participação dos cidadãos na vida política;
  • Ideologia fascista, implantada na Itália e Alemanha, tinha um caráter típico do poder militar, era expansionista e autoritário;
  • Ideologia comunista, disseminada na Rússia e em outros países, visando levar o poder às minorias, com a implantação de um sistema de igualdade social;
  • Ideologia capitalista, surgiu na Europa e era ligada ao desenvolvimento da burguesia, visava participar do poder da corte por meio do lucro e do acumulo de riqueza;
  • Ideologia conservadora, são ideias ligadas à manutenção dos valores morais e sociais da sociedade, preservando a elite no poder; 
  • Ideologia anarquista, que desafiava o jugo do poder, defendendo a liberdade pela eliminação do poder do Estado e de quaisquer formas de poder e controle.
  • Ideologia nacionalista, é aquela que exalta o poder nacional, e valoriza a cultura do próprio país.

 Existem ideologias políticas, religiosas, econômicas e jurídicas. Uma ideologia se distingue de uma ciência porque não tem como fundamento uma metodologia exata capaz de comprovar as próprias ideias. (Eu diria que toda ideologia é proselitista, ou seja, que estando sempre em busca da sua autoafirmação, necessita confirmar externamente a veracidade e a importância das suas ideias, e para tanto necessita atingir massa crítica, tem que inchar, conquistando prosélitos e simpatizantes) ”.

Assim, graças ao proselitismo, em todo movimento ideológico a força do quantitativo supera o qualitativo, porque não sendo uma ciência, sua autoafirmação depende diretamente de um reforço externo, tornando-se assim a ideologia, mais válida ou menos válida, dependendo de quanta gente adota e professa sua crença e adere à caminhada idealista. Mas, Ideologia, sendo um alimento intelectual, tal qual o queijo e o leite, tem também prazo de validade para consumo saudável.

Agora já podemos mencionar o segundo significado da palavra “Partido”: ido, que já foi embora. E é exatamente o que esperamos que aconteça em alguns casos, ou para a maioria dos Partidos talvez, adeus para sempre.

Retornando ao nosso argumento central, sendo a Unocracia um conjunto de ideias e valores intelectuais e espirituais, também é uma ideologia; a Unocracia é ideológica e idealista, e tem como fundamento primordial o Ideal do Mestre dos Mestres, que em oração ao Pai nos revelou seu Ideal. Ele pediu por nós pela “PERFEITA UNIDADE”: “… que todos sejam um, Pai, como Tu e Eu somos uma só Pessoa…” (Jo, 17)[1] O Seu ideal é na verdade o projeto do Pai de replicar aqui na Terra a Socialidade dos Céus.

A Unocracia que ora oferecemos como caminho de plena realização do ideal democrático, é um conjunto de ideias e pensamentos que emanam de uma forma única e original de pensar, cujo foco é a Perfeita Unidade. É o fruto de uma árvore cujas raízes estão no Paraíso, a árvore do amor mútuo e contínuo, do espirito de reciprocidade.

Se alguém quiser seguir por outros caminhos quem o impedirá? Da nossa parte alertamos apenas que na vida há caminhos cegos que conduzem a becos sem saída e há atalhos, onde as caminhadas só fazem por perder tempo, que trazem você de volta ao ponto de partida. Como dizia Shakespeare, há Seres Humanos que “são loucos conduzindo cegos”.

O nobre ideal da Democracia é a plena cidadania. Mas ela somente se concretiza dentro de um Sistema Político Socioeconômico “Unocrata”. A Unocracia é condição necessária e suficiente, para que a Democracia seja plena.

Um exemplo de cidadania generalizada, para valer, seria, por exemplo, o caso da ARCA a que já nos referimos acima, onde cada cidadão tivesse pelo menos uma Ação de uma grande Empresa, e então, independentemente de ser ou não maioria acionária, o povo seria dono dessa Empresa. Na Unocracia, o cidadão não é um objeto do Mercado, mas seu protagonista. A participação acionária do povo nas Empresas constitui uma forma muito prática, objetiva e lucrativa de encarnação e materialização da filosofia e da espiritualidade da Economia de Comunhão.

Quando (e eu não disse “se”) isto ocorrer, de forma generalizada, o povo vai descobrir finalmente o próprio poder, sobre o seu próprio destino. A Democracia é Participativa e Representativa, mas há algo no cidadão que não poderá jamais ser delegado, um Direito do qual ninguém poderá jamais abrir mão: sua vontade de viver bem em sociedade. Somos todos convidados à Perfeita Socialidade.

Marco Iasi

[1]Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. E eu dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um. Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim, e que os tens amado a eles como me tens amado a mim. João 17:21-23